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Saliente Nordestino

O 'Saliente Nordestino (SN)' é a porção do território brasileiro que mais se projeta sobre o Atlântico Sul, localizada na região Nordeste. Com uma posição geográfica privilegiada, o SN aproxima o Brasil do continente africano e das rotas transatlânticas, atuando como um ponto estratégico de vigilância, defesa e projeção de poder. Seu valor geopolítico foi consolidado durante a Segunda Guerra Mundial, e permanece essencial na atualidade para a Defesa Nacional.

Durante a Segunda Guerra Mundial, o Saliente Nordestino — especialmente a região de Natal (RN) — abrigou a Base Aérea de Parnamirim, conhecida como 'Trampolim da Vitória'. Essa base foi usada por tropas aliadas para cruzar o Atlântico em direção à África, sendo um elo logístico crucial na Operação Torch. Além disso, portos como Recife foram utilizados por forças navais dos EUA e do Brasil para missões de patrulha e combate a submarinos do Eixo.

Entre 1941 e 1944, o Brasil sofreu diversos ataques a navios mercantes por submarinos alemães, o que evidenciou a importância do SN na segurança marítima. A partir de 1943, com o avanço aliado, as bases foram progressivamente desativadas, mas a importância estratégica da região foi definitivamente consolidada.

O Saliente Nordestino configura o ponto de menor distância entre a América do Sul e a África (Natal-Dakar ≈ 3.000 km), formando a chamada 'Garganta do Atlântico'. Essa característica confere ao Brasil:

  • Controle de rotas marítimas vitais (Linhas de Comunicação Marítima – LCM)
  • Posição de vigilância privilegiada no Atlântico Sul Equatorial
  • Potencial de projeção estratégica sobre o Golfo da Guiné
  • Capacidade de monitoramento aeroespacial do hemisfério sul

O SN também atua como divisor geoestratégico do litoral brasileiro, separando os teatros Norte/Nordeste e Sul/Sudeste. Isso reforça sua importância para o deslocamento e integração das Forças Armadas do Brasil.

Na atualidade, o SN permanece vital para:

  • A proteção de cabos submarinos (como o SACS, ligando Fortaleza a Angola)
  • A segurança de portos estratégicos (Suape, Pecém)
  • A vigilância de recursos energéticos offshore (petróleo, gás eólica)

Além disso, a região abriga centros de rastreio e lançamento espacial como o Centro de Lançamento da Barreira do Inferno (RN) e o Centro Espacial de Alcântara (MA), com destaque para operações aeroespaciais.

A presença das Forças Armadas no SN inclui:

  • Exército Brasileiro: Presença por meio da 7ª e 10ª Regiões Militares (Natal e Fortaleza), com foco em apoio à população e prontidão tática. A defesa costeira ainda carece de sistemas antinavio dedicados.
  • Força Aérea Brasileira: Operações a partir das Bases Aéreas de Natal e Recife, com aeronaves de patrulha marítima, resgate e defesa aérea. A FAB também mantém radares do SISDABRA na região.

Sugestões para reforçar a presença defensiva:

  • Implantação total do SisGAAz com radares costeiros e drones de patrulha
  • Destacamento permanente de navios modernos no Nordeste (fragatas ou corvetas)
  • Criação de baterias costeiras de mísseis antinavio operadas por Fuzileiros Navais e EB
  • Fortalecimento da integração entre Marinha, Exército e FAB com um Comando Conjunto no Nordeste
  • Uso de tecnologias autônomas (drones, UUVs, satélites) para vigilância contínua
  • Ampliação da diplomacia de defesa na região com parceiros africanos e sul-americanos (ZOPACAS)

O Saliente Nordestino é uma das regiões mais estratégicas do Brasil. Ele representa um ponto avançado de soberania nacional, vigilância do Atlântico Sul e integração continental. Seu valor estratégico exige presença militar robusta, investimentos contínuos e planejamento interagências para garantir segurança, desenvolvimento e projeção global para o Brasil.


Este artigo faz parte do Wiki Defesa, uma iniciativa do portal Defesa em Foco para ampliar o conhecimento sobre as regiões estratégicas do Brasil e sua importância geopolítica.

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  • Última modificação: 2025/04/10 14:49
  • por marcelo_mb_rj